Mudanças bruscas, apreensões, cogitações, medos, solidariedade, interpretações sobre a vida, do que se quer como e para a vida, do que se busca proteger, combater, produzir. Pensadas como políticas, as conversas sobre o currículo, nesta edição do trabalho encomendado para a 40a Reunião Anual da Anped, são provocadas a refletir os desafios do campo em um cenário de pandemia. De resultados irrestritos ao adoecimento e à perda de pessoas, a pandemia tem produzido impactos imprevistos e incessantes em diferentes cenas da vida. Como acontecimentos, portanto, não calculados, tais imprevistos interpelam produzindo todo um conjunto de desdobramentos em respostas generativas. É para tais questionamentos e respostas que o GT-Currículo, por onde a vida é também pensada, se vê convidado à interação com perguntas latentes e, por vezes, pouco nítidas do que temos chamado por pandemia. Um convite para pensar a vida, o luto, a sobrevida como versão mais intensa da vida, a educação, as escolas, subjetivações, alteridades, direitos de ser e afirmar em um contexto agudo e, neste gesto, tramar um encontro de trabalhos com leituras plurais sobre tudo o que consideramos coletivamente como de interesse curricular. O tema desta edição busca provocar conexões (im)possíveis produzidas ou prometidas entre currículo e pandemia em suas relações com a vida em ruptura. Na relação com esta tematização pensamos em reaver algo perdido? Buscamos projetar novas formas de afirmar a vida? Como nossas investigações curriculares interagem com o questionamento do acontecimento, imprevisto, insondável? Estas perguntas, que tentam em vão rastrear um sentido de contemporaneidade, podem nos ajudar a afirmar os significados produzidos por nossos estudos curriculares como respostas à vida (im)possível frente ao que interpretamos como questionamento emergente. Elas não visam, assim, ao que perdemos, senão ao que podemos, a como podemos, temos podido, em tempos de clamores por solução/cura, por profilaxia, por outras formas de vida para além da pandemia de Covid, do autoritarismo, da exclusão. Daqui, aventamos a vida como incontrolável sob constante tentativa de controle, pensamos em solidariedade, pluralidade, projeção de outros cursos de vida, outros questionamentos e estratégias em nossas redes, outros desdobramentos, com escolas, universidades, espaços, culturas, agendas, projetos de formação, professores, estudantes. Trata-se, enfim, de como “nós”, GT-Currículo, pensamos o que consideramos como nosso/a, a vida.

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